Leitura de 4 min   |   23/07/2024

A Trajetória do Rap nos EUA e o Futuro do Funk: Lições para o Cenário Brasileiro

Como o Rap Influencia o Futuro do Funk no Brasil
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O que a trajetória do rap nos EUA ensina sobre o futuro do funk.

Em abril, MC IG recebeu um convite exclusivo do rapper Jay-Z para visitar a gravadora Roc Nation, em Nova York — a empresa é responsável por gerenciar as carreiras de nomes como Rihanna, Alicia Keys e A$AP Rocky.

Para o MC, essa foi uma oportunidade de se reconhecer nessas referências. “As origens dos criadores ali da empresa são muito parecidas com as nossas”, reflete o funkeiro em entrevista a Splash após a visita.

As semelhanças entre o funk e o rap vão além de MC IG e Jay-Z. A trajetória do ritmo estadunidense, que no ano passado completou 50 anos, pode ser um mapa para os próximos passos do funk brasileiro.

Como o Rap Influencia o Futuro do Funk no Brasil

Eu só quero é ser feliz

Os críticos do rap e do funk tentam associar a música ao crime. O argumento é que, por narrarem cenas envolvendo drogas e violência, as letras das músicas fariam apologia desses crimes – lógica que não é aplicada, por exemplo, a filmes que retratam cenas semelhantes.

Essa associação já causou problemas na Justiça para os artistas. MCs como Cabelinho, Maneirinho, Ryan SP e Hariel já foram alvos de investigações da polícia.

“Para falar a verdade, nem acredito que isso seja real. A polícia vai investigar o Wagner Moura por interpretar o Pablo Escobar? Vai ir atrás dos playboys que sobem o morro para retratar o que acontece na favela nos documentários? Eu sou MC, eu retrato o que acontece nas comunidades, essa é a minha arte”
– MC Maneirinho em entrevista ao UOL em 2020.

Projetos de lei já tentaram institucionalizar a criminalização do funk. No PL 5194/2019, o deputado federal Charlles Evangelista (PSL/MG) propôs “tipificar como crime qualquer estilo musical que contenha expressões pejorativas ou ofensivas”. Depois, o mesmo deputado retirou a proposta.

As leis da Califórnia seguiram o caminho contrário. Desde 2022, o estado americano restringe o uso de letras de músicas como prova nos tribunais. A legislação agora exige que um juiz, antes de aceitar uma composição como evidência de um caso, analise se há provas suficientes de que a canção esteja diretamente ligada ao crime.

Segundo o Washington Post, nos últimos 30 anos, mais de 500 rappers tiveram suas composições citadas contra réus durante julgamentos. “Artistas de todos os tipos devem poder criar sem medo de perseguição injusta e preconceituosa”, disse Gavin Newsom, então governador da Califórnia, na época.

Na ausência de leis, a indústria do funk vê o sucesso comercial como sinal de maior aceitação do gênero. André Morrissy é diretor da GR6 Music, Ele aponta que, há cinco anos, procurava marcas para parcerias com os MCs e recebia negativas. “Hoje em dia, o caminho é inverso. Elas estão procurando a gente”, relata em conversa com Splash.

André Morrissy, diretor da GR6 Music.
André Morrissy, diretor da GR6 Music.

Quando toca, ninguém fica parado

O mercado brasileiro é o que mais consome o seu próprio produto, diz Morrissy. E há potencial para esse consumo crescer ainda mais com o aumento do acesso à internet. “O consumo na Europa, por exemplo, nos Estados Unidos, já alcançou praticamente o teto. Todo mundo assina [streamings], todo mundo tem internet de qualidade. Aqui no Brasil, a gente está trabalhando com 20%, 30% do nosso potencial.”

Além do crescimento interno, há uma expansão global do consumo de funk e de música latina. “A gente entende que a batida do funk atrai, independentemente do entendimento da letra, assim como aconteceu com o reggaeton.”

O reggaeton tem praticamente as mesmas origens: periférica, das comunidades, tem uma batida peculiar também, atraente, independentemente da letra. A gente entende que estão acontecendo resultados semelhantes, com uma abrangência, um consumo global.”

– André Morrissy

Tá tudo dominado

Nos últimos anos, a GR6 intensificou a realização de shows fora do Brasil. “A gente vem trabalhando em parcerias musicais, com conexões para poder evoluir fora do Brasil também, aproveitando esse interesse pelo ritmo, que é notório”, diz Morrissy.

FONTE: uol Splash

Autor do Post: Gudyê Mythery


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